Por Bill Moraes
Tim Harford, autor de The Undercover Economist, comentou:
“Mostre-me um sistema complexo bem-sucedido e lhe mostrarei um sistema que
evoluiu por meio de tentativa e erro.” No caso das 4 Disciplinas da Execução,
livro do qual sou coautor aqui no Brasil pela editora Campus/Elsevier, ele está
absolutamente correto. Este sistema se beneficiou de ideias bem pesquisadas,
mas evoluiu por meio de tentativas e erros. Na nossa pesquisa inicial com a Harris Interactive, fizemos
uma enquete internacional com aproximadamente 1.300 pessoas em 17 diferentes
setores do mercado, e completamos avaliações internas com 500 empresas
diferentes. Ao longo dos anos, aumentamos essa base, fazendo um levantamento
com quase 300 mil líderes e membros de equipes. A pesquisa foi valiosa como
fundamento para os princípios e como guia para as nossas primeiras conclusões,
mas os insights reais não resultaram da pesquisa. Eles se originaram do
trabalho com pessoas como você em mais de 1.500 implementações que a
FranklinCovey completou no mundo todo. Foi este esforço que nos capacitou para
o desenvolvimento dos princípios e métodos que sabemos que funcionarão,
independentemente do setor ou do país no qual sejam implementados no meio do
imenso redemoinho para manter as portas abertas de qualquer organização.
Disciplina 1: Foque no crucialmente importante requer que
você vá contra os seus vínculos básicos de líder e focalize menos de
modo que sua equipe consiga alcançar mais. Quando você implementa a
Disciplina 1, começa selecionando uma (ou no máximo duas) metas crucialmente
importantes, em vez de tentar melhorar significativamente tudo de uma só vez. A
isto denominamos meta crucialmente importante (MCI) para deixarmos claro
para a equipe de que esta é a meta de maior importância. O fracasso na
conquista dessa meta tornará qualquer outra realização secundária, ou
possivelmente até mesmo irrelevante.
Se no momento você estiver tentando executar 5, 10 ou até
mesmo 20 metas importantes, na verdade sua equipe não conseguirá ter foco. Essa
falta de foco aumentará a intensidade do redemoinho, dispersará os esforços e
tornará o sucesso quase impossível. Isto se torna particularmente problemático
quando há muitas metas nos níveis altos da organização, todas eventualmente se
desdobrando em dezenas e por fim em centenas de metas à medida que se difundem
pelos níveis mais baixos criando uma rede de complexidade.
Disciplina 2: Atue
nas medidas de direção é a disciplina das alavancas. Ela se baseia no
simples princípio de que as ações não são todas produzidas da mesma forma.
Algumas têm mais impacto do que outras quando direcionadas a uma meta, e são
estas que você deseja identificar e utilizar se quiser alcançar a sua meta.
Agir com base nas medidas de direção é um dos segredos
pouco conhecidos da execução. A maioria dos lideres, até mesmo alguns dos mais
experientes, se concentra tanto nas metas que a disciplina de foco e atuação nas
medidas de direção parece ser contraintuitiva. Não entenda mal. As metas são,
no final das contas, a sua realização mais importante. Todavia, as medidas de
direção, que fazem jus ao próprio nome, é que lhe permitirão atingir as
medidas históricas. Uma vez identificadas as suas medidas de direção, elas se
tornarão as alavancas para o alcance de sua meta.
A Disciplina 3 é a disciplina do engajamento. Em princípio,
o nível mais alto de desempenho sempre se origina nas pessoas que estão
emocionalmente engajadas, e o nível mais alto de engajamento decorre do
conhecimento do placar, isto é, se as pessoas sabem quando estão ganhando ou
perdendo. É simples assim. Jogar boliche com os olhos vendados pode ser
engraçado no começo, mas se não puder ver os pinos tombarem, logo se tornará maçante,
até mesmo se você gostar muito desse tipo de diversão.
O tipo de placar que levará aos níveis mais altos de
engajamento da sua equipe será aquele projetado unicamente para os (e
geralmente pelos) jogadores. Este placar dos jogadores é bastante diferente do
complexo placar de um técnico que os líderes adoram criar. Deve ser simples,
tão simples que os membros da equipe possam determinar instantaneamente se
estão vencendo ou perdendo. Por que isto é importante? Se o placar não for
claro, o jogo que você deseja que as pessoas joguem será abandonado no
redemoinho de outras atividades, e se a sua equipe não souber se está ou não
vencendo o jogo, provavelmente estará a caminho do fracasso.
Disciplina 4: Crie
uma cadência de responsabilidade é quando a execução realmente acontece.
As primeiras três disciplinas montaram o jogo, mas até que você aplique a
Disciplina 4, a sua equipe não estará jogando a partida. Ela se baseia
no princípio da responsabilização: a menos que responsabilizemo-nos consistente
e mutuamente, a meta naturalmente se desintegrará no redemoinho.
A cadência de responsabilidade é um ritmo de reuniões
regulares e frequentes de toda equipe que possua uma meta crucialmente
importante. Essas reuniões acontecem pelo menos uma vez por semana e idealmente
não duram mais do que 20 a 30 minutos. Nesse curto tempo, os membros da equipe
se responsabilizam mutuamente pela produção de resultados apesar do redemoinho.
Muito cá entre nós, saber a meta, saber como alcançar a
meta, manter um placar da equipe e realizar uma reunião de prestação de contas
semanal de 15-20 minutos. É algo novo? Pois é, parecem fáceis até demais. Mas
podemos afirmar que aplicar estas 4 Disciplinas no meio do redemoinho diário
para manter as portas abertas é extremamente difícil. E podemos afirmar que,
quando o líder e a equipe aplicam as 4 Disciplinas sistematicamente a cada
semana, acontece o que empresas como Hotéis Marriott e Faber-Castell vivencial
ano após ano: alcance de uma meta que requer mudar comportamento de toda a organização
com excelência no meio do redemoinho. Por isso elas não são chamadas de 4 boas
ideias de execução, ou 4 técnicas de execução. São As 4 Disciplinas, pois
demandam sermos discípulos das escolhas que fazemos, como líder e como equipe,
a cada semana. Isso dói. E gera resultados. Com engajamento e consistência.